Diabetes mellitus

Diabetes mellitus tipo 1 (DM1):

 
Causada pela destruição (geralmente auto-imune) das células produtoras de insulina situadas no pâncreas, levando a uma deficiência absoluta na produção de insulina.
 
Apesar de geralmente ter início na infância ou adolescência, pode ter início também na idade adulta e até mesmo em idosos.
 
O tratamento é sempre realizado com insulina, e hoje sabemos que o ideal é a administração de uma insulina basal (NPH, Glargina, Detemir ou Degludeca) associada a bolus de insulina rápida (Regular, Lispro, Aspart ou Glulisina) nas principais refeições.  A proporção entre insulina basal e rápida deve ser próxima a 50/50%.
 
Um outro recurso para tratamento, principalmente quando não se atinge um bom controle com o tratamento convencional, é o uso da bomba de insulina, que permite uma infusão contínua (basal) de insulina associada a bolus de insulina pré-prandiais (e para correção da glicemia) controladas pelo paciente. 
 
O controle adequado das glicemias é essencial para prevenção das complicações do diabetes (descritas no final da página). A avaliação desse controle é realizada principalmente por dois parâmetros:
  1. Avaliação das glicemias capilares medidas ao longo do dia (ideal que sejam realizadas pelo menos 7 aferições ao dia, em geral antes e 2 horas após as refeições. Muitas vezes é importante medir durante a madrugada também). Uma ferramenta que auxilia muito nesse controle são os sensores de medição contínua da glicemia, como o FreeStyle Libre®. 
  2. O exame laboratorial HbA1c avalia a glicemia média dos últimos 3 meses. O valor ideal é individualizado, mas em geral < 7%. 
 
 
Diabetes mellitus tipo 2 (DM2):
 
Responsável por ~ 90% dos DM, é causado pela resistência à insulina associada à deficiência parcial da mesma.
 
Os principais fatores de risco são:
  • Sobrepeso e obesidade
  • Sedentarismo 
  • História familiar
  • Tabagismo

É mais comum se iniciar na idade adulta ou em idosos. Todavia, o aumento da prevalência de obesidade e sedentarismo infanto-juvenil se acompanhou por um aumento nos casos de DM2 nesse grupo. 

Ao contrário do DM1, o tratamento raramente requer insulina. Existem hoje diversas opções de medicamentos que atuam reduzindo a resistência à insulina ou estimulando a produção de insulina pelo próprio pâncreas. Cada classe de medicamentos tem seus benefícios, efeitos adversos e contra-indicações; por isso o tratamento deve ser individualizado.

O bom controle também é essencial para prevenção das complicações, e a avaliação é feita principalmente pelos exames laboratoriais, em especial a HbA1c, que em geral deve estar < 7%. 

 

Complicações do diabetes mellitus:
 
As complicações dos diabetes tipo 1 e 2 são as mesmas, e são causadas pelos danos causados pela hiperglicemia. As principais são:
 
  • Oftalmológicas: A chamada retinopatia diabética é a principal causa da cegueira entre 25 e 75 anos no mundo. Existem tratamentos que retardam sua progressão, e por isso é fundamental a consulta com oftalmologista e exame de fundo de olho ou retinografia anual. 

 

  • Renais: A hiperglicemia causa uma sobrecarga dos rins, que aos poucos vão reduzindo sua função. A longo prazo, essa complicação pode levar à falência renal com necessidade de hemodiálise. Uma das primeiras manifestações da lesão renal é a perda urinária de proteínas, que pode ser detectada em exame de urina, o qual deve ser relizado ao mínimo anualmente. Existem medicamentos que ajudam a prevenir e reduzir as complicações renais nas fases iniciais.

 

  • Neuropatias: A hiperglicemia também causa lesões nos nervos periféricos, além de afetar o sistema nervoso autônomo. As principais manifestações são:
    • Neuropatia dolorosa: dor, câimbras, formigamentos ou outras sensações de desconforto que acometem principalmente pés e pernas, especialmente no período da noite. 
    • Neuropatia sensitiva: diminuição da sensibilidade que ocorre principalmente nos pés. Responsável por 1 amputação a cada 20 segundos no mundo. 

 

  • Cardiovasculares: Indíviduos com Diabetes têm mais que o dobro de chances de infarto cardíaco e derrame cerebral. Algumas das novas medicações para controle do diabetes têm a vantagem de reduzirem esse risco. Além disso, é fundamental o controle de outros fatores de risco, tais como pressão arterial, colesterol e tabagismo
 
 
Outras formas de diabetes mellitus:
 
Existem ainda outros tipos de diabetes, dentre os quais se destacam o Diabetes Gestacional, o qual também é causado pela resistência à insulina no período da gravidez. 
 
Formas menos frquentes de DM são causadas por defeitos genéticos, induzidas por drogas ou consequentes à falência do pâncreas.